Hiperidrose tem cura

Este blog será um blog de um post só. Mais ou menos como aquela música, o samba de uma nota só, do Tom. Claro que responderei todos os comentários na medida que for possível dentro de meus conhecimentos, para outras notas entrarem, mas a base será uma só :) Vou ficar mais de 80% do post escrevendo da minha vida e dos meus traumas por causa da hiperidrose (mais conhecida como sudorese), então quem quiser pular essa parte e ir direto para o título "A CURA", pode ficar à vontade.

Primeiramente, um pouco da minha história. Nasci em 1987 em uma família de classe média. A minha vida não foi mais fácil nem mais difícil do que a de ninguém: entendo que todas as pessoas tem suas próprias dificuldades e seus próprios desafios, mas sei que também temos que encarar nossos problemas de frente, sem desfazer dos problemas alheios e sem supervalorizar os próprios problemas. Temos que assumir para nós mesmos nossos próprios defeitos (que julgamos defeitos com base em conceitos impostos pela sociedade), para adorá-los, aceitando a beleza deles, ou mudá-los, aceitando que aquilo não cabe mais na sua vida. Isso funciona mais facilmente para o campo psicológico do que para o corpo físico.

Sempre tive um suor incontrolável nas mãos e nos pés. Quando eu era bem pequena, isso não me atrapalhava muito, pois meu contato com outras crianças era pequeno. Sempre vivi em apartamento, não tive amigos de bairro e era engraçado ver como as pessoas as vezes faziam comparações da minha vida com um passarinho preso em uma gaiola. Sinceramente, não acredito que crianças criadas em apartamentos sejam piores ou mais introvertidas do que aquelas que são criadas em casas espaçosas. Afinal de contas, uma criança que fica bem com sua própria companhia, ao meu ver, deve ter mais chances de ser segura no futuro. Enfim... Fato é: muitos falavam que meu problema com o suor era o mesmo problema das pessoas que sobem num palanque pra fazerem um discurso importante: nervosismo.

"Sua filha é muito nervosa, por isso fica com as mãos suadas" - diziam. "Isso é ansiedade" - diziam. "Quando crescer, passa" - diziam. Diziam, diziam, diziam e nada falavam. Eu me perguntava o que aquelas pessoas tinham a ver com isso. O que elas tinham a ver com meu problema. Na verdade, eles queriam apenas ajudar minha mãe que, muito inteligente, já sabia a grande MERDA que eu ia passar a vida inteira com aquele problema (desculpe a falta de educação, mãe, mas não consegui expressar minha ideia de forma mais clara do que usando esse palavrão). E ela estava certa. Mas quando me dei conta, eu não queria falar sobre aquilo, especialmente quando eu vi o que era realmente o meu problema.

Minhas mãos suavam muito, pingavam, e aquilo estava fora do meu controle. A primeira vez que me dei conta disso foi no pré primário, quando eu estava brincando de massinha de modelar. Minha massinha sempre ficava molhada, escorregadia, com mau cheiro. Lembro das manchas brancas (possivelmente do sal do suor) na massinha amarela que eu enrolava como uma cobrinha na mesa (ou tentava enrolar, até ela se embebedar tanto do suor que escorregava direto na mesa). Era uma sensação esquisita e não sei se a professora achava que eu estava chorando ou algo assim em cima da massinha, mas o fato era que a minha massinha sempre ficava estragada. O "problema" era que, além do suor nas mãos, que eu AMAVA brincar de massinha de modelar. Sempre gostei de trabalhos manuais. Passarinho de apartamento geralmente aprende a gostar de atividades solitárias e não há problema algum nisso: eu também gostava de jogar banco imobiliário com meus irmãos mais velhos e me interessava em interações com outras crianças. Mas me lembro que massinha era um dos meus passa-tempos prediletos. O problema é que minhas mãos lambrecavam tudo. Mas eu tinha que conviver com aquilo, então aprendi a usar o suor a meu favor (rs), pra colar partes da massinha e passar o suor por cima de certas partes da "obra", para fazê-las ficarem "lisinhas". Resultado: eu conseguia fazer uma gama muito maior de coisas na massinha de modelar do que as outras crianças conseguiam. Claro que se elas colocassem um copo de água do lado delas, enfiassem o dedo lá e fizessem o que tinham que fazer elas iriam conseguir resultados tão bons ou melhores que os meus, mas eu tinha que aprender a conviver com aquilo e enquanto eu pensasse que era uma coisa boa, uma virtude, eu conseguiria seguir em frente.

Mas não era sempre que eu conseguia levar aquilo como uma virtude. Eu ainda me lembro perfeitamente da ocasião em que uma coleguinha de pré primário apertou minha mão pra me cumprimentar e depois passou a mão no vestidinho branco, limpando a mão dela, com nojo do meu suor. Ela foi espontânea, e eu entendi. Ela não sabia que não era minha culpa e eu também não a culpei, pois pegar na mão de outra pessoa com resíduos sabe-se-lá-de-quê não é uma coisa muito agradável. Entretanto, mesmo não sendo culpa de ninguém, eu sempre fiquei com aquela sensação de que eu era vista como nojenta.

Então eu comecei a desenhar, outra paixão que se despertou em mim. Antes mesmo de escrever, minha mãe já previu meu futuro problema. Eu lembro, como se fosse ontem, do meu lápis de cor amarelo (nossa, massinha amarela e lápis de cor amarelo também, rsrs) passando por cima do meu suor depositado no papel e rasgando o papel molhado. Então, quando eu fosse escrever, eu estava lascada. Minha mãe, inventiva como sempre, perfeitamente arrumou uma solução: um lenço dobrado por baixo da minha mão enquanto eu desenhava/escrevia. E quando eu esquecia o lenço em casa (isso era frequente, pois eles necessitavam ser lavados) era um problema, pois eu não conseguia escrever porcaria nenhuma: a lapiseira rasgava o papel molhado, a caneta falhava. Pior que sou destra e minha mão SEMPRE passava por cima de onde eu iria escrever na sequência. Imagino que se eu fosse canhota, o problema ia ser escrever a partir da segunda linha. Mas a invenção da minha mãe foi uma mão na roda, um presente dos deuses, algo genial que só mães são capazes de imaginar pelos filhos, pois obviamente as perguntas começaram a aparecer das pessoas que não eram capazes de imaginar esse tipo de coisa. "Porque você usa isso?" "Esse pano fede?" "Seu pé também fica suado?" "Você tem muito chulé?" Às vezes era difícil segurar a vontade de enfiar o lenço goela abaixo de pessoas tão enxeridas e nada discretas (rs).

Por incrível que pareça, eu não tive chulé NENHUM na minha adolescência apesar da hiperidrose/sudorese que me atingia os pés, especialmente porque tenho bons hábitos de higiene, utilizava sempre meias de algodão e enquanto eu ficava no computador ou na mesa estudando, o chinelo ficava escorregadio e cheio de água, então eu ficava descalça e colocava um tapete debaixo dos meus pés para não estragar o brilhante chão de taco de onde eu morava. Eu amava aquele chão, não poderia molhá-lo e destruir tudo. Ah, e claro que eu não podia sair na rua de chinelo. Meu pé voltava PRETO. Mas era preto de verdade, pois a sujeira misturava na água e virava uma argamassa desgramada. Quando eu precisei ir a uma festa chique, minha mãe me comprou saltinhos, afinal eu já estava virando uma mocinha, então eu tive que treinar no corredor de casa como eu iria andar nos saltos e não escorregar com os pés molhados. Enfim... Desde sempre, uso tênis. Mais confortável, mais seguro. Entretanto, no futuro isso seria um problema, pois em situações formais de emprego eu precisava usar algo mais formal nos pés, então o sapato fechado caía bem, e também não me deixava cair, apesar de eu ficar "sambando" dentro dele, pois a meia fina não ajudava como a meia de algodão, que, sinceramente, funcionava meio que como um "sugador".

E se eu tinha experiência com algo, esse algo era com as coisas que poderiam ser destruídas quando molhadas. Papel, oh papel! Quando passei uma temporada trabalhando/estudando no escritório do meu pai, ele me disse que a água era inimiga do papel e que eu não devia deixar copos de água perto do arquivo. Mal sabia ele que eu era perita no assunto. Tinta guache. Qualquer coisa solúvel em água eu não podia tocar. Eletrônicos em geral, computadores, controles de video-game, os famosos celulares que era só molhar e ir direto pra lixeira. Mexer num disco de vinil sempre era um problema: cuidado redobrado pra não destruir nada. Quando os CDs vieram, ficou mais fácil, mas hoje vejo aqueles mais antigos e eles estão meio mofados nas beiradas.

O pó de suco que caía na minha mão tomava coloração imediatamente. Mas se o pó de suco caísse nas mãos de alguém "normal", a pessoa iria apenas bater as mãos umas nas outras e o pó sairia facilmente. Eu não. Qualquer pó que caía na minha mão, eu tinha que lavar. E se fosse algo que soltasse tinta, era melhor eu ir lavar correndo porque se eu secasse na calça, poderia manchar tudo. Se eu pegasse num cachorro, minha mão ficava cheia de pelos enquanto eu não lavasse. Num gato então, nem sobrava nada no gato (rs). Ok, tudo bem, pode parecer exagero, mas é com esse tipo de situação que eu tinha que lidar todos os dias. Muitas pessoas podem experimentar isso por um dia, especialmente ultimamente com esses dias infernais de calor, é horrível ficar o dia inteiro com as mãos suadas e minhas mãos ficavam literalmente pingando. Eu acariciava minha gata siamesa e ela saía magrelinha, com os pelos colados ao corpo, molhados.

Na escola eu era chamada de mão de mijo (mas a essa altura eu já tinha aprendido a levar as coisas na esportiva), diziam que eu ia acabar com a sede do nordeste, que eu ia encher a piscina da escola, que minhas mãos eram auto-limpantes (essa eu encarava como elogio). Pior era quando alguém bem piedoso ia explicar no meu lugar e começava a falar "Ela tem uma doença que..." Doença? Puxa vida, eu preferia encarar como um distúrbio. Enfim... Havia mais problemas. Meus ferimentos nas mãos e pés demoravam o dobro para curarem, motivo pelo qual eu sempre mantinha minhas mãos fora de perigo. Se eu passasse um hidratante nas mãos ou nos pés, minha pele não absorvia nada e, pra piorar, eu suava o triplo. Quando eu estava em um lugar bem frio, mesmo bem agasalhada ou com jaqueta de couro, eu ficava suando muito nas mãos e era a conta de bater um ventinho mínimo na minha mão molhada que eu congelava por inteiro, pois o suor foi feito para resfriar o corpo. Então eu sentia o frio dobrado, até batia dente, e os olhares e comentários diziam que eu era exagerada. Na faculdade, após utilizar um computador público, o teclado ficava totalmente molhado e as pessoas já estavam sacando e evitando o computador quando eu saía dele. Quando percebi isso, comecei a secar os teclados e mouse quando eu saía de computadores compartilhados. Numa entrevista de emprego, eu sempre era descartada, obviamente porque minhas mãos suadas demonstravam nervosismo e falta de confiança, ninguém quer contratar alguém inseguro. Eu nunca passei em uma entrevista de estágio/emprego (não até operar). Eu queria tocar piano, desenhar mangá, bordar ponto cruz, fazer trabalhos manuais, mexer com miniaturas, mas eu não podia porque eu destruía tudo. O suor destruía tudo.

Então minha mãe me disse: "Você tem que tomar o controle disso". Eu senti como um super herói com uma missão importantíssima a cumprir. Agora era minha missão salvar o dia. Pelo menos o meu dia. E também, já estava na hora. Eu não gostava de cumprimentar as pessoas apertando a mão, sempre preferia um "aceno" ou partindo direto pra um abraço, que eu tinha o cuidado de parar o toque nos pulsos pra pessoa não ficar com uma mão desenhada nas costas (é sério. com a quantidade de suor, isso podia sim acontecer). Quando eu ia cumprimentar alguém, eu secava as mãos, mas nem todo tipo de tecido de roupa sugava o suor, então quando eu estava com alguma roupa desse tipo, eu já sabia que não ia conseguir secar a mão à tempo e a pessoa iria horrorizar, mas eu ficava mantendo a calma, regulando o meio de campo, dizendo pra pessoa "ah, tudo bem, já estou acostumada". Alguns educados, mesmo eu explicando a situação, insistiam em apertar minhas mãos. Mas desde quando estar acostumada com algo ruim é bom? Não. Eu queria mais, eu merecia mais. Então comecei a observar.

Havia situações raras em que minhas mãos estavam secas. Ahhhh, e como era bom! Eu podia passar a mão no cabelo e sentir sua maciez sem molhar tudo. Podia sentir o tato do tecido. Reparei que geralmente quando eu acordava, minhas mãos estavam secas, mas não era sempre. Reparei que havia dias em que, se eu secasse bem os pés no tapete enquanto eu estudava, batia um ventinho e meus pés paravam de suar. Logo notei que as meias de algodão eram melhores e não ficavam pingando como as meias finas, meus pés suavam menos com o contato livre com o ambiente ou totalmente fechados, o que ainda me excluía do uso de sandálias, a não ser que eu quisesse me esborrachar no chão. Então eu tive um namorado que me entendia, era bem compreensivo com esse problema, e reparei que quando eu estava com ele, minhas mãos suavam menos ou até mesmo paravam de suar. Havia situações que eu estava com a mão seca e depois, de repente, ela ficava quente e começava a suar. Aí eu vi que era mesmo problema psicológico e que eu tinha mesmo que acabar com minha ansiedade, porque ela estava no comando, e quem deveria estar no comando era eu.

Entretanto, por mais força de vontade que eu tivesse, nada adiantava. Minhas mãos continuavam suadas e os professores da faculdade não se davam bem comigo quando eu pedia pra usar meu "paninho" durante as provas, o que me fez começar a escrever de um jeito bizarro, apoiando o dedinho mindinho por cima de onde eu já escrevia, o que resolvia: molhava onde eu já havia escrito, mas algumas vezes dava um efeito de "carimbo" com o dedo dependendo da tinta de caneta que eu usava. Até já perguntaram: "Porque você escreve com a mão assim?" Eu só não respondi que era por que eu era retardada mental por que eu estava em um ambiente profissional (rs).

E isso me lembra que quando eu achava que eu tinha superado, que ia conviver com aquilo, me veio outro problema: A vida profissional. Eu trabalhava com papéis o tempo todo, não podia me dar ao luxo de destruir documentos importantes.

Como a minha "autolavagem" cerebral não funcionou, recorri à medicina e me diagnosticaram. Disseram que eu tinha hiperidrose e um dos médicos quase me deu um sopapo quando eu falei sudorese (rs).  No princípio, ninguém sabia muito sobre aquilo, nada era conclusivo, geralmente o problema com as pessoas era o suor excessivo em baixo dos braços. Então uma dermatologista muito simpática e boa de serviço que curou minha acne, a Dra Marilda Helena Toledo Brandão, me passou uma espécie de desodorante que as pessoas usavam debaixo do braço contra suor excessivo e falou pra eu passar na palma das mãos e na sola dos pés. Mas meu problema era crônico e foi uns 20% resolvido.

Por incrível que pareça, o meu problema com papéis, que era o pior deles, foi a minha solução. Cortei a mão feio num maldito papel, começou a sangrar e fui pra enfermaria da Justiça do Trabalho. A enfermeira perguntou se eu estava passando mal e eu disse que não e ela exclamou: "Desculpe, achei que você não estava bem. Sua mão está tão suada!" Aí contei meu problema. Eu já estava cansada de explicar para as pessoas, muitos dizem que eu tenho um defeito de ficar explicando demais (com o tamanho desse post, dá pra notar), mas graças à minha longa explicação à enfermeira, enquanto ela me fez o curativo ela disse: Minha filha teve o mesmo problema e operou.

Sério, eu quase morri.

E disse que ficou ótimo.

Sim, eu morri de felicidade.

E disse que o cara era o melhor naquilo.

Era demais pra ser verdade?

Ela falou pra eu passar lá outro dia e me deu o telefone do Dr Marcelo Juntolli, o cirurgião mais fabuloso de todos os tempos. Pelo menos para mim.


A CURA

Então eu descobri que eu já nasci com esse problema. A hiperidrose é o suor excessivo, além do necessário para o controle da temperatura corporal. A temperatura corporal é controlada pelo sistema simpático (ooonww, que fofo!) e eu NUNCA iria conseguir controlar esse problema através da ansiedade, porque no meu caso, meu suor excessivo não tinha NADA a ver com a ansiedade. Primeiro, porque não tinha como eu nascer já ansiosa, uma vez que eu (que NÃO sou psicóloga) acredito que a ansiedade seja algo que o meio incute em nós. Depois, porque o sistema simpático (que fofo) faz parte do sistema nervoso autônomo, ou seja, o sistema que direciona algumas funções do seu corpo sem você controlar, tipo digestão, respiração e batimento cardíaco (apesar de existirem aqueles monges tibetanos super concentrados que conseguem até parar seus próprios batimentos cardíacos em estado de transe numa meditação). Então, aquilo não estava sob meu controle, era puramente carga genética.

Eu poderia copiar e colar a wikipédia para vocês entenderem melhor o funcionamento da hiperidrose, mas aqui eu me atenho a colocar o link e fazer um breve relato do que me recordo (não sou médica, portanto peço paciência :p).

O nervo simpático tem vários "nós", ou gânglios, que controlam a temperatura do corpo, entre outros. Aparentemente, há um problema em que o cérebro detecta uma temperatura no corpo que não é a temperatura real e manda a mensagem para produção do suor de modo a esfriar o corpo, mesmo sem precisar.

A cirurgia se chama simpatectomia torácica endoscópica (STE). Através de pequenos orifícios feitos embaixo das axilas, uma câmera é inserida e é realizada a cauterização em uma certa altura do nervo simpático, que NÃO fica dentro da coluna, fica SOBRE a coluna (muita gente me pergunta isso. Exclamam: "Nossa, como você teve coragem de deixar mexerem na sua coluna?" Não, ninguém "mexeu" na minha coluna, todo mundo que me conhece sabe como tenho pavor de anestesia peridural, e como sofri vendo minha mãe com dores terríveis na coluna uma certa época, e mesmo se o médico tivesse "mexido" na minha coluna, ele estudou pra isso, por isso sempre se deve ter um profissional de confiança e com indicação de alguém que já passou por isso). Cada altura pega uma faixa específica do suor do corpo. A minha operação foi feita para pegar a faixa das mãos às axilas, então eu teria um benefício duplo. O tempo de cirurgia é rápido: uma hora, sendo que a operação demora apenas meia hora de cada lado do corpo, e você tem alta no mesmo dia. Eu não tive alta no mesmo dia, pois tive um problema de dor no peito (só depois me contaram que eles esvaziam um pouco o pulmão pra passar a câmera e os aparelhos da operação), mas não tive nenhuma complicação. A cicatrização foi avaliada pelo médico como ótima e realmente, a cicatriz debaixo do meu braço ficou praticamente imperceptível. E o melhor de tudo é que eu não tive suor compensatório. Muitos pacientes relatam que outros locais do corpo começaram a suar, mas este não foi o meu caso.

Quanto aos pés, o Dr. Marcelo me pediu para esperar um pouco antes de fazer a simpatectomia lombar, pois é uma cirurgia que pode trazer mais complicações, é mais demorada e muitas vezes o psicológico da pessoa faz com que, após as mãos pararem de suar, os pés também param. Confesso que houve uma redução no suor dos pés, que foi pouca, mas houve uma redução inicial, entretanto, alguns meses após a cirurgia, os pés continuaram suando normalmente. Então também fiz a operação para os pés, que foi um sucesso. A recuperação é mais demorada e senti muito mais dor, obrigatoriamente se passa uma noite no hospital para observação.

Mas finalmente, meu problema acabou. Agora eu tenho suor como as pessoas normais tem: em situações de nervosismo, calor excessivo, etc. EU NÃO DEIXEI DE SUAR, apenas o EXCESSO foi retirado e minhas mãos suam como as de uma pessoa que nasceu sem esse problema, portanto, o resultado ficou o mais natural possível. Já os pés, não suam nenhuma gota.

Uma coisa curiosa que eu senti, é que quando vou tirar as roupas do varal para guardar, é que eu nunca sei quando elas estão molhadas ou geladas/secas. Eu confundo, preciso passar a roupa no rosto pra saber se ela está molhada ou seca/gelada. Outra coisa: fiquei tantos anos com as mãos molhadas que a pele das minhas mãos não parece mais tão jovem quanto às mãos das mulheres da minha idade. Enfim, nem ligo muito pra isso. Já passei por coisa pior. Mas fica registrado o fato.

Outro fato interessante é que quando fui fazer a simpatectomia lombar eu li na guia médica algo como "hiperidrose com reflexos psicossociais" e me senti digna de um tratamento. Repensei, revi tudo o que eu passei e tudo que eu já tinha me livrado fazendo a simpatectomia torácica e finalmente encontrei o que eu queria, encontrei o que eu merecia.

Seguem abaixo os endereços dos profissionais mencionados neste post. Não coloquei os telefones, pois nos sites eles ficam parcialmente escondidos para proteger os profissionais (provavelmente contra trotes, não sei), então, coloquei o link dos sites com os telefones.

Contatos:

Dr. Marcelo Juntolli
Rua Paracatu, 872, 12º andar, Barro Preto, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Para telefones: http://www.doctoralia.com.br/medico/juntolli+marcelo-10594724

Dra. Marilda Helena
Rua Erê, 23, sala 805, Prado, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Para telefones: http://www.catalogo.med.br/doutor/marilda+helena+toledo+brandao+331595.htm


Terminando...

Enfim, gostaria de deixar algumas observações.

Já sei que muitos vão pensar: nossa, que menina superficial, que problemas superficiais, existe câncer e outras doenças piores. Bom, mesmo com a hiperidrose eu ainda posso ter outras doenças piores além da hiperidrose. Não podemos banalizar uma situação ruim simplesmente por existirem situações piores. Eu poderia ter passado fome ou algo pior, mas só porque existe algo pior não significa que não possamos almejar o melhor. Ah, eu também tenho uma pilha de outros problemas, como qualquer pessoa, mas não cabe falar aqui. Não me julgue, ok?

Eu estou postando isso não só para ajudar as pessoas com um problema semelhante ao meu ou indicar um profissional de ponta. Quero registrar para o mundo o que é ter o problema de hiperidrose, além de todos os outros problemas que todo mundo normalmente tem. Sim, é um desabafo. Você poderia ler tudo sobre o assunto na wikipédia, com imagens e tudo o mais (o link está ali em cima), mas um blog conta uma experiência pessoal sob a ótica de que só alguém que passou por aquilo pode contar e eu aprendi que pelas experiências das outras pessoas é que aprendemos e que crescemos para sermos seres humanos melhores. Também quero deixar a minha marca, mesmo que seja uma marca do suor que se foi.

Você, que está lendo isso: não subestime o problema de seu filho/a, caso ele/a tenha nascido com o mesmo problema que eu. Meus pais fizeram tudo o que estava no alcance deles para me ajudar com esse problema e eu agradeço imensamente por isso, bem como aos que estiveram ao meu lado me apoiando desde a primeira consulta.

Enfim, muito obrigada, Dr Marcelo Juntolli.

Ah! Quando saí do seu consultório, eu esqueci de te dizer uma coisa: você viu na minha pasta transparente algumas partituras de piano me perguntou se eu tocava e eu respondi que eu estava aprendendo. Eu fiquei meio sem graça de dizer, mas saiba que se hoje eu posso fazer aula de piano e fazer tudo o que eu gosto no tocante a trabalhos manuais, foi graças a você.

Aqui fica meu MUITO OBRIGADA.

Abraços! E obrigada por lerem!

Priscilla

Comentários

  1. Me ajude...por favor
    ..preciso fazer esta cirurgia...a minha hiperidrose é crânio-facial.muito grave.

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    1. Oi Carlos, tudo bem? o Dr. Marcelo Juntolli é referência na área aqui em Belo Horizonte. Não sei de onde você fala, mas caso seja outra cidade acho que compensa dar uma ligadinha pra ele e pedir indicações.

      Dr. Marcelo Juntolli
      Rua Paracatu, 872, 12º andar, Barro Preto, Belo Horizonte, Minas Gerais.
      Para telefones: http://www.doctoralia.com.br/medico/juntolli+marcelo-10594724

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  2. Meu telefone 88993568471

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